14 de jul. de 2012

MISSÕES: Conheça as dificuldades para abrir uma Igreja em Mianmar

Cristãos esperam mudanças nas aldeias, onde as oposições à fé são mais intensas

Apesar das mudanças políticas que têm ocorrido em Mianmar atualmente, os cristãos, que constituem 9,5% da população do país, esperam ver essas mudanças chegarem às aldeias e vilarejos, onde as oposições à sua fé são sentidas de maneira mais intensa.

As boas relações com o chefe da aldeia contam muito, se um grupo de cristãos desejar realizar cultos aos domingos, em Mianmar. "O processo não demora muito, se tivermos boas relações com o chefe da aldeia", disse Chit (nome fictício), um pastor com pouco mais de 50 anos de idade. "Devemos assegurar a carta de recomendação, um dos documentos necessários para abrir uma igreja".



Em algumas comunidades, os cristãos gozam de boas relações com o chefe da aldeia, mas muitas vezes, a boa vontade dura pouco tempo, porque o regime militar pode arbitrariamente nomear um substituto. Cada chefe de aldeia supervisiona, pelo menos, 50 famílias.

"O próximo passo é obter autorização das autoridades municipais", explicou o partor Chit. "Às vezes, temos que pagar para obter a autorização. Gastamos muito dinheiro para obter uma autorização municipal. A quantidade sempre depende do quanto os funcionários queiram receber”.

"Depois disso, eles emitem uma " licença temporária ". Para obter essa autorização demora-se pelo menos um ano, nada menos que isso. Uma vez que a obtemos, podemos construir uma pequena casa de palha e estamos autorizados a orar, cantar e a organizar outros eventos religiosos, mas ainda não somos considerados uma 'igreja'. Chamamos o lugar de "casa de oração." Para ser reconhecido, precisamos pedir uma "licença permanente" às autoridades, em nível distrital, e depois ao Governo Central ", acrescentou.

Mas o valor de uma licença deste tipo está além da capacidade que a maioria dos pastores de Mianmar tem de pagar. Mesmo que consigam apresentar um pedido, vai demorar uma década antes de ser aprovado.

"Pode demorar uma eternidade", lamentou o pastor Chit. "Estamos à mercê dos funcionários municipais. Neste momento, não podemos fazer mais nada, exceto acompanhar o desenrolar da petição ocasionalmente, e pagar algumas "taxas de expedição". Na maioria dos casos, os documentos não serão enviados pelos funcionários ao Governo Central".

Chit e a maioria dos pastores das aldeias pedem uma autorização temporária para se reunir com os membros de suas igrejas aos domingos, a fim de manter a comunhão da igreja, no entanto, eles devem procurar manter boas relações com os chefes das aldeias e mantê-los “satisfeitos”.

"Em ocasiões especiais, como no Natal, enviamos presentes para as autoridades locais", disse o pastor Chit. "Claro, isso não garante nada. Eles podem fechar as igrejas e interromper nossas atividades o dia e a hora que quiserem".

O pastor Chit participou de seminário organizado pela Portas Abertas que prepara cristãos para a perseguição, ali assistiu aulas sobre liderança, e participou de oficinas de subsistência no contexto de Mianmar. Mais do que apenas começar uma casa de oração, ele investe seu tempo pessoal e energia na construção da fé daqueles que vêm a Cristo através de seu ministério.


"No seminário, pude relembrar e aperfeiçoar algumas coisas que eu já sabia e fazia quando começei meu ministério", disse o pastor Chit. "A maneira como eu fiz as coisas realmente não produziu nos cristãos um amadurecimento na fé. As lições que aprendi sobre o discipulado pessoal vão me ajudar muito em meu ministério".

Fonte: AD Alagoas